sexta-feira, 27 de abril de 2012

Segurança do MA decreta sigilo sobre morte de jornalista

POR OSWALDO VIVIANI

Em entrevista coletiva à imprensa, ocorrida na manhã de hoje (27), na Secretaria de Segurança Pública, o secretário Aluísio Mendes afirmou que, a partir de agora, não serão mais divulgadas informações sobre o andamento das investigações sobre o assassinato do jornalista e blogueiro Décio Sá, ocorrido no fim da noite de segunda-feira (23). A delegada geral Maria Cristina Resende Meneses – que também participou da entrevista – corroborou a informação do secretário de Segurança e afirmou que toda a operação seguirá em sigilo absoluto.
"A polícia compreende a grande vontade dos profissionais da imprensa na busca de informações, mas só iremos falar sobre o caso assim que tivermos algo concreto. Qualquer informação desencontrada pode atrapalhar a nossa investigação. Quem executou o jornalista Décio Sá é arquivo vivo. O mandante do crime sabe que, quanto mais nos aproximamos do executor, mais perto estaremos dele. Nossa preocupação não é esconder informações da imprensa, mas sim garantir a integridade deste que pode nos levar ao mandante desse crime bárbaro", disse o secretário.
Foto: G. Ferreira
Coletiva de imprensa sobre o caso Décio Sá
Nos últimos dias, o secretário e delegados que apuram o caso deram informações desencontradas à imprensa sobre as investigações – principalmente em relação ao número de pessoas presas até agora, suspeitas de envolvimento no crime. Foram informados ao menos três números diferentes: uma, duas e quatro pessoas.
Na verdade, estão confirmadas apenas as prisões temporárias (30 dias) de duas pessoas: Fábio Roberto Cavalcante Lima, o “Fabinho”, e Valdenio José da Silva. A prisão e a busca e apreensão domiciliar dos dois foram pedidas na quinta-feira (26) pelos delegados Maymone Barros Lima, Guilherme Sousa Filho e Jeffrey Paula Furtado, e deferidas, no mesmo dia, pela juíza Alice de Sousa Rocha, da 1ª Vara do Tribunal do Júri. Detalhes do nível da suposta participação dos dois presos no crime não foram revelados pela polícia.
Troca de local e força-tarefa – A delegada Maria Cristina divulgou a portaria baixada por ela (nº 180/2012), que estabelece a troca do local dos trabalhos da Delegacia de Homicídios (Beira-Mar) para a Superintendência de Estadual de Investigações Criminais (Seic), no Bairro de Fátima.
Na portaria, também são designados os seis delegados (força-tarefa) que, a partir de agora, cuidarão do caso. Três deles são da Delegacia de Homicídios: Jeffrey de Paula Furtado, Guilherme Sousa Filho e Maymone Barros Lima. Também compõem o grupo dois delegados da Seic – Augusto Barros Neto e Roberto Mauro Silva Larrat –, além de Roberto Wagner Leite Fortes, do 12º Distrito Policial (Maracanã).
Também receberão informes diários sobre o caso os delegados Marcos Affonso Júnior (superintendente da Seic) e Sebastião Uchoa (superintendente de Polícia Civil da Capital), além das cúpulas das polícias Civil e Militar.
Seis tiros – O secretário Aluísio Mendes informou que o laudo do Instituto de Criminalística do Maranhão (Icrim) constatou que Décio Sá foi atingido por 6 tiros (três na cabeça e três nas costas).
Aluísio Mendes afirmou que Décio não foi atraído para o local da execução. "Décio Sá estava cumprindo uma rotina. Os familiares confirmam que ele ia constantemente àquele bar [Estrela do Mar]. O executor e o mandante sabiam disso. O assassino chegou ao bar junto com Décio Sá. A dinâmica do crime foi meticulosamente planejada. Esse não foi um crime planejado em 24 horas, a rota de fuga já estava traçada e eles evitaram contato com a viatura que estava fazendo a ronda no horário. Temos mais pessoas envolvidas nesse assassinato, e vamos chegar a todas elas", afirmou o secretário.
O secretário falou, também, sobre os indícios que estão sendo analisados pela equipe que investiga o caso. "Essa é uma investigação extremamente complexa. Mais de 22 mil itens estão sendo analisados pelas polícias Civil e Técnica. Contamos ainda com a ajuda da Polícia Federal, e agora com a ajuda de toda a equipe da Seic na elucidação desse caso", afirmou Mendes.
O secretário pediu a colaboração da imprensa e das pessoas que testemunharam o assassinato. "Peço a colaboração da imprensa e a paciência de todos. Esse é um quebra-cabeça complexo, e precisamos de tempo para analisar de forma profissional todos os dados. Peço também a colaboração daquelas pessoas que estavam no bar no dia do assassinato. Essas pessoas precisam falar, precisamos ouvir todas elas, pois ainda existem divergências em relação à dinâmica dentro do bar. A polícia já tem detalhada toda a dinâmica da execução e da fuga, mas precisamos afinar esses detalhes sobre o que aconteceu dentro do bar. Então, peço que essas pessoas falem, a identidade delas será mantida em sigilo absoluto", finalizou o secretário.
O caso – O jornalista Décio Sá foi morto a tiros de pistola ponto 40 (de uso exclusivo da polícia) por volta de 22h40, no bar Estrela do Mar, na Avenida Litorânea. De acordo com testemunhas, dois suspeitos chegaram numa motocicleta, o carona desceu, entrou no bar e executou o jornalista. Na fuga, deixou cair o carregador da arma que teria sido utilizada no crime. A peça foi encontrada pela polícia e passou na quarta-feira (25) por uma análise química, que permitirá um resultado mais preciso sobre as impressões digitais do assassino do jornalista Décio Sá.
Qualquer informação sobre os assassinos do jornalista pode ser repassada ao Disque Denúncia do Maranhão, pelos telefones 3223-5800 (São Luís) e 0300-313.5800 (interior do estado). Não é necessário se identificar.( Jornal Pequeno )

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