segunda-feira, 25 de março de 2013

O poder da imprensa e o debate do marco regulatório




Carlos Frederico Alverga

É preciso debater com seriedade a questão do oligopólio da informação exercido pelos órgãos privados de imprensa na América Latina. Trata-se de uma situação em que a quase unanimidade dos meios de comunicação privados desenvolvem campanhas sistemáticas e avassaladoras contra os governos progressistas da América do Sul, na Argentina, no Brasil, no Uruguai, no Equador, na Venezuela, no Peru.





Sou a favor do pluralismo, da liberdade de expressão e de que a imprensa fiscalize incessantemente o governo, mas a situação é de um domínio quase absoluto dos meios de comunicação privados que acabam por subjugar os governos da região, todos legitimamente eleitos e reeleitos.
Os governos acabam praticamente sem voz e sem quem os defenda. Daí a necessidade da democratização dos meios de comunicação e da criação das TVs públicas, que são tentativas de equilibrar esse jogo desigual.
A Lei argentina, tida como castradora da liberdade de imprensa, divide o mercado das comunicações em um terço para o governo, um terço para os movimentos sociais e um terço para os órgãos privados de comunicação.
Essa é uma divisão razoável. Porém, creio que seria melhor 50% para os órgãos privados de comunicação, 25% para os movimentos sociais e 25% para o governo. Ainda assim penso que o setor privado consideraria essa proposta de divisão do mercado das comunicações como sendo atentatória à liberdade de imprensa.

Francisco e Josué

Ricardo Dantas Faria
A eleição do papa Francisco e todo o simbolismo envolvendo o nome que o cardeal Bergoglio determinou ser chamado, além da isenção de vaidades um tanto incomum entre seus pares, trouxeram novamente à tona o maior drama de nossa sociedade – a pobreza.


Veio-me logo à lembrança uma das figuras mais injustiçadas deste nosso Brasil, e que foi muito mais além nessa questão. Um intelectual cujo trabalho não se restringiu ao conforto dos gabinetes, e que teve a coragem não de se ater aos pobres de um modo corriqueiro, mas de trazer à baila, em toda a sua crueza, a miséria e o fenômeno da fome que, conforme por ele mesmo assinalado, era alvo do silêncio conspiratório da elite social do país.
Refiro-me a Josué de Castro. Relendo seus textos, sou afetado por um misto de admiração e angústia.
Admiração por alguém que ousou, do alto do seu saber, denunciar sem medo de réplica o palavreado inútil dos estudiosos de até então, por demais distantes do que, em verdade, interessava aos famélicos – dar um fim a desgraça de cada dia, materializada na dor da fome que transcendia o físico e, simultaneamente, corroía a alma.
Angústia, porquanto passados mais de sessenta anos, a rigor nada mudou. Nada! Perdoem-me os que acreditam que as bolsas disso e daquilo são uma solução Porque a cada vez que vejo crianças brincando na terra seca entre carcaças de animais, “alimentando-se”, quando muito, de um pouco de garapa, meu sentimento imediato é o de repulsa. Repulsa porque compartilho, com os que têm o poder de fazer algo e não o fazem, a qualidade de humano. E um sentimento de impotência que, por piegas que pareça, tende a me levar, num átimo, das lágrimas à raiva. Raiva de certos cínicos que sabem que, para assenhorar-se do poder, nada oferecem além de paliativos – afinal, é do desespero de muitos desses humildes que eles obtêm a sua eternização na política.
Que olhemos para trás. Que não sucumbamos à falácia de que o Brasil é o país do futuro, porque o futuro, a rigor, é uma incógnita para seres e nações. Que voltemos o nosso olhar, mesmo que brevemente, para o passado E que não deixemos morrer a obra de tantos que foram silenciados porque chegaram tão perto da verdade, e cujas sementes continuam aí, ainda possíveis de se semear.
Reflitamos. Às vezes dói. Mas nos revigora.( Tribuna da Imprensa )

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