terça-feira, 22 de abril de 2014

Família enterra jovem na marra

Família enterra jovem na marra em Ananindeua (Foto: CELSO RODRIGUES)
Próprios familiares abriram a cova e colocaram o caixão dentro. O enterro seria adiado por um dia (Foto: CELSO RODRIGUES)
O cemitério público do Girassol, no conjunto Júlia Seffer, em Ananindeua, foi local de um fato inusitado na tarde deste domingo (20). Familiares e amigos de Cristiano da Silva Flausino, jovem de 19 anos morto na madrugada de sexta para sábado, em Águas Lindas, enterraram o corpo do ente querido por conta própria no cemitério público.
De acordo com Kleberson Flausino, tio do falecido, o corpo do jovem foi liberado do Instituto Médico Legal (IML) por volta das 23h30 do sábado. Por volta das 7h de ontem, Kleberson se dirigiu ao Complexo Funerário de Ananindeua, próximo à sede da Prefeitura de Ananindeua, para solicitar o enterro do sobrinho. “Quando cheguei lá eles me disseram que não havia possibilidade do sepultamento de mais de três pessoas no domingo e que já haviam atingido esse número e que só poderiam enterrar meu sobrinho na segunda-feira (21) a partir das 14 horas".
Kleberson também alega que enquanto estava no Complexo Funerário, conversou por telefone com uma mulher que teria se identificado como Silvia e era coordenadora do Complexo Funerário. “Ela me falou que nem se fosse a mãe dela que fosse enterrada, ela poderia fazer alguma coisa”, afirma.
Insatisfeito com a situação, Kleberson por volta do meio dia  foi até o Cemitério Público do Girassol, no conjunto Júlia Seffer, para tentar junto à administração uma possibilidade do enterro do seu sobrinho, mas foi informado que a administração não poderia fazer nada sem o aval da Prefeitura, por meio do Complexo Funerário.
No cemitério, ele viu que havia cinco covas recém-fechadas e não três, como o haviam informado no Complexo Funerário. A família decidiu enterrar o corpo de Cristiano da Silva por conta própria no cemitério, mesmo sem autorização da Prefeitura. Kleberson alega que a urgência do enterro tem uma justificativa. “O corpo do meu sobrinho já estava desde a noite de sábado em casa, ele estava todo inchado e fedendo.
Uma vizinha reclamou do mau cheiro. Além disso tudo, hoje de manhã, por volta das 6h, minha família teve que chamar a Polícia porque as pessoas que mataram meu sobrinho queriam invadir a nossa casa para retirar o corpo dele”, declara. A situação deixou parentes revoltados. Para Clísia Flausino, mãe de Cristiano, “tudo é uma enorme burocracia. Como eu vou deixar meu filho apodrecer dentro de casa?”, questiona.
Os familiares saíram com o corpo por volta das 15h30 do bairro de Águas Lindas em direção ao cemitério público do Girassol. O transporte foi feito por uma funerária particular. A família também solicitou que a Polícia Militar fizesse a guarnição do trajeto, com medo que os desafetos do falecido pudessem querer roubar o corpo no meio do caminho.
A mãe de Cristiano não suportou a emoção e desmaiou no momento do enterro. Ela foi levada por familiares para o hospital na van da funerária. (Celso Rodrigues)
Mãe de jovem desmaia na hora do enterro
Crísia Flausino, mãe de Cristiano, não suportou a emoção e desmaiou no momento do enterro, sendo levada por familiares para o hospital na van da funerária contratada pela família. Ao final do enterro Kleberson Flausino declarou que ainda irá atrás do desfecho da situação. “Irei novamente ao Complexo Funerário para verificar a situação dos papéis do enterro".
Por volta das 18h, após a saída dos familiares e amigos de Cristiano, duas viaturas da Guarda Municipal de Ananindeua chegaram no Girassol, onde acompanharam a coordenadora do cemitério até a Central de Flagrantes da Cidade Nova, para registrar boletim de ocorrência por invasão de patrimônio público. 
(Rafael Alencar/Diário do Pará)



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