sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Na TV, PMDB despreza Dilma e só falta falar no impeachment


Temer apresenta o PMDB como alternativa de Poder


Carlos Newton

Foi interessante, instigante e insinuante o programa partidário que o PMDB exibiu quinta-feira à noite, em rede nacional. Embora ainda conste como o principal aliado na coalizão de apoio ao governo Dilma Rousseff, o PMDB simplesmente ignorou a existência da presidente da República e se autoproclamou o partido que pode se transformar na salvação do país, para enfim conduzi-lo ao desenvolvimento social e econômico.
Idealizado pelo marqueteiro Elsinho Mouco, o programa fez ouvidos de mercador às conquistas sociais que o PT tanto apregoa e preferiu se referir à grave crise institucional, política e econômica que o país atravessa, para apresentar suas soluções.
O vice-presidente Michel Temer, por exemplo, disse que a apuração de irregularidades não pode paralisar a vida produtiva do país e assinalou que é necessário adotar uma agenda positiva. Afirmou ser necessário apressar a reforma política e propôs a realização de um ajuste fiscal capaz de fortalecer a economia e garantir os programas sociais, sem citar os governos Lula ou Dilma. Ao contrário, deu até uma indireta no PT, ao defender a liberdade plena de informação, mostrando publicamente ser contrário à tese de regulamentação da mídia, ardorosamente defendida pelos petistas.
MAR DE CRISES
O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), também defendeu a reforma política. Disse que o mar de crises que invade o noticiário mostra ser urgente e absolutamente necessário que se mude a maneira de fazer política no país.
Os depoimentos foram se sucedendo e o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (AL), afirmou que é preciso humildade e perseverança para fazer as mudanças que o país espera, prometendo colocar em pauta as propostas que tenham realmente interesse público e que tragam benefícios para o povo brasileiro.
O deputado Eduardo Cunha (RJ), presidente da Câmara, também se referiu à importância da reforma política, acentuando que a atuação do PMDB no Congresso mostrará que os parlamentares escolhidos para representar a sociedade estão realmente à altura de desempenhar essa missão.
OS SEIS MINISTROS
Também participaram do programa os seis ministros do PMDB – Eduardo Braga (Minas e Energia), Kátia Abreu (Agricultura), Edinho Araújo (Portos), Helder Barbalho (Pesca), Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Vinicius Lages (Turismo). Cada um apresentou seus planos, sinteticamente, mas sem qualquer referência à presidente Dilma Rousseff.
“Não ter a presença da presidente Dilma, nem citação ao Partido dos Trabalhadores, é absolutamente natural. O programa é peemedebista, não governista”, alegou o marqueteiro Elsinho Mouco, em entrevista à repórter Andreia Sadi, da Folha.
Os petistas, é claro, não gostaram nada da linha editorial do programa do PMDB e já vinham criticando as chamadas exibidas nas duas últimas semanas, que também ignoravam a presidente Dilma Rousseff. Mas o PMDB não está nem aí.
Traduzindo tudo isso: o PMDB está cada vez mais descolado do PT. Como dizia Roberto Carlos, daqui para a frente, tudo vai ser diferente. Em busca do Poder, é cada um por si, até que o impeachment os separe definitivamente.
 
 

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