terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Desgaste do povo com classe política incentiva candidaturas de “outsiders”, dizem analistas


Palavra da moda, 'outsider' foi incorporada ao vocabulário político e é aplicada a pessoas de outros ramos que resolveram se candidatar a um cargo eletivo

John Willian (Daniel Menezes) / Assessoria (Bruno Oliveira) / NOVO Notícias (Antônio Spinelli)
Cientistas políticos Daniel Menezes, Bruno Oliveira e Antônio Spinelli avaliaram chances dos 'outsiders' nas eleições de 2018

Flavio Rocha, Tião Couto, Luiz Roberto Barcelos e Marcelo Alecrim. Estes podem ser nomes estranhos ao eleitorado potiguar porque não são políticos. São empresários bem-sucedidos e fazem parte do fenômeno recente conhecido como “outsiders”.
Palavra da moda, ‘outsider’ foi incorporada ao vocabulário político depois da onda de negação da política tradicional, e é aplicada a pessoas de outros ramos que resolveram se candidatar a um cargo eletivo.
O Agora RN escutou os cientistas políticos Daniel Menezes, Bruno Oliveira e Antônio Spinelli para entender o que motivou o empresariado potiguar se interessar a subir nos palanques eleitorais em 2018. A opinião do trio foi uníssona: por causa de escândalos de corrupção, a classe política está desgastada na opinião dos eleitores, o que abre as portas para novos nomes e novas oportunidades.
“Essa estratégia não é uma ação nova, mas há uma expectativa porque eles acreditam que há um vácuo e desgaste da classe política, mas é importante lembrar que mesmo com esse desgaste, o sistema partidário ainda é controlado pela classe política”, lembrou Daniel Menezes.
Na visão de Bruno Oliveira, o fenômeno do “outsider” tem ficado forte nos últimos tempos por conta do descrédito da classe política. O especialista, em contrapartida, aponta que apenas este elemento não é o bastante para que os empresários assegurem cargos eleitorais.
“Eles entendem como oportunidade porque acreditam que tenham mais chances, mas não bastam apenas vontade e filiação, tem que haver apoio político, palanque e discurso. Claro que o discurso é mais fácil. [João] Doria disse que iria para a política com pensamento de gestor, só que gerir uma prefeitura ou o Estado é muito diferente de gerir uma empresa”, ponderou.
Para Antônio Spinelli, os investimentos aplicados pelo empresariado na política também colaboram para que o cenário seja favorável aos “outsiders”. A defasagem dos nomes tradicionais também existe, e na convicção do professor e cientista político, esse efeito pode gerar “um Congresso pior do que o anterior”.
“O peso do dinheiro na política é muito forte e dinheiro eles têm. Esse peso, se não houver reforma política (o que não acredito que aconteça), seguirá forte. Quanto ao descrédito pela política, creio que seja uma falta de crença do próprio eleitorado que se sente impotente e se recusa a participar, o que acaba favorecendo o tipo de político que está no poder agora. Em consequência, corremos um sério risco de eleger um Congresso pior do que o anterior”, disse Spinelli.
Diante de possíveis nomes já conhecidos pela população, como Carlos Eduardo Alves (PDT) e Fátima Bezerra (PT), os cientistas políticos creem que o empresariado pode encontrar dificuldades apesar do desgaste observado.
“Não há, hoje, no Estado nenhum empresário com condições de ser candidato e sobrepujar os oponentes que estão se desenhando. Eu vejo que a estratégia deles está sendo atirar para cima e lucrar por baixo. Um candidato desses se coloca no pleito de governador, mas como não tem viabilidade política, negocia para desistir por uma vaga de suplente”, defendeu Menezes.
“Eu acho que as eleições vão se afunilar para o cenário mais forte atual, que é o da senadora Fátima com o prefeito Carlos Eduardo, que têm mais reconhecimento da população. O próprio Robinson Faria (PSD) já disse que vai tentar se reeleger, então não sei se o ‘outsider’ terá um discurso e um palanque fortes o bastante, mas nem acredito que uma candidatura ao governo dos empresários aconteça”, concluiu Bruno Oliveira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário